quarta-feira, 20 de junho de 2018

2018 #08 GP da França (parte 1)

* por Carlos Werzel Júnior


É uma das provas automobilísticas mais antigas da história. A última prova na Fórmula 1 havia sido realizada em 2008, num total de 86 provas até então, e volta neste ano de 2018!

Os Grandes Prêmios a motor se originaram na França e o Grande Prêmio da França, aberto a competição internacional, é o Grand Prix mais antigo do mundo, sendo que a primeira prova realizada foi no dia 26 de junho de 1906, sob os auspícios do Automóvel Clube da França, em Le Mans, sendo utilizadas estradas que passavam por fora da cidade.

O circuito tinha a distância total de 103,18 km, a prova foi disputada em 12 voltas, em superfície de terra. O vencedor (o húngaro Ferenc Szisz) levou mais de 12 horas até a vitória! Exatamente 12:14:07.4 horas. E a volta mais rápida foi do francês Paul Baras, com 52 minutos, 25.4 segundos.

Houve provas em outros circuitos de estrada, como Dieppe, Amiens e Lyon. Dieppe e Amiens eram circuitos bastante perigosos. Veio a 1ª Guerra Mundial, interrompendo os Grand Prix franceses.

Em 1921 aconteceu o 1º GP no lendário Circuit de la Sarthe, em Le Mans. Após seguiram-se Grande Prêmios franceses nos circuitos de Strasbourg, Tours e Lyon.

Em 1925 foi construído o 1º autódromo permanente da França, o Autodrome de Linas-Montlhèry, a 20 milhas ao sul de Paris. Foi no GP em 1925 que Antonio Ascari (pai de Alberto Ascari) faleceu em um grave acidente.

Outros circuitos receberam o GP Francês, como Miramas, Saint-Gaudens, Pau e Reims-Gueux até 1932. De 1933 a 1937 o GP da França foi realizado no circuito de Montlhèry.

Em 1938 e 1939 o GP volta ao circuito de Reims-Gueux, e a dominação das Mercedes continuava (essa dominação começou em 1934, em Montlhèry).

Veio a 2ª Guerra Mundial, e o GP da França voltou apenas em 1947, num circuito montado em Lyon-Parilly. Em 1948 e 1949 volta a Reims-Gueux.

Chega então a Fórmula 1 em 1950, e o GP da França é realizado em Reims-Gueux. O GP de 1951, no mesmo circuito, foi o mais longo da história da F1 em distância percorrida, num total de 601,832 km!

Em 1952 o GP foi realizado no circuito de Rouen-Les-Essarts. No ano seguinte, volta a Reims, e este GP de 1953 é conhecido como “a corrida do século”, em que Juan Manuel Fangio e Mike Hawthorn travaram uma dura batalha na metade final da prova. Eles trocaram de posição praticamente em todas as 30 voltas finais, e ao final a vitória foi de Hawthorn.

Houve novo GP da França em Reims, em 1954, com domínio da Mercedes. Em 1955 não houve a prova, devido ao desastre das 24 Horas de Le Mans daquele ano.

Posteriormente o GP da França, na F1, foi realizado nos circuitos de Reims (1956), Rouen (1957), Reims (1958-1961), Rouen (1962), Reims (1963), Rouen (1964), Clermont-Ferrand [ou Charade] (1965), Reims (1966), Le Mans Bugatti (1967) [única vez que Le Mans sediou uma prova da Fórmula 1], Rouen (1968), Clermont-Ferrand (1969 e 1970), Paul Ricard (1971), Clermont-Ferrand (1972).

1 e 2 - Traçados do circuito de Reims usados na F1;
3 e 4 - Traçados de Rouen-Les-Essarts;
5 - Clermont-Ferrand e seus mais de 8 km;
6 - Le Mans, o chamado traçado Bugatti, só houve uma prova na F1 lá

De 1973 a 1985 Paul Ricard e Dijon-Prenois alternaram praticamente ano a ano a sede do GP Francês, exceto 1975 e 1976, e 1982 e 1983, em que Paul Ricard sediou por 2 anos seguidos (nos 2 períodos).

De 1986 a 1990 o GP da França foi realizado no circuito de Paul Ricard, mas num traçado mais curto. E por fim, a partir de 1991 até 2008, o GP Francês foi realizado em Magny-Cours.

O GP da França apresentou muitos momentos marcantes durante sua história. Mencionando alguns:

- no GP de 1972, no circuito de Clermont-Ferrand (rápido; longo, com mais de 8 km; com cerca de 48 curvas e perigoso), Emerson Fittipaldi passou por uma pedra e arremessou-a no capacete de Helmut Marko (atualmente um dos cabeças da equipe Red Bull), vindo a perder a visão do olho esquerdo, assim encerrando sua carreira na categoria (Helmut Marko foi piloto da F1, participando de 9 provas);

- no GP de 1979, em Dijon-Prenois, houve uma batalha feroz pelo 2º lugar, entre Gilles Villeneuve e René Arnoux, considerada uma das melhores de todos os tempos! Gilles acabou ficando na 2ª posição;

- no GP de 1989, em Paul Ricard, houve o famoso acidente logo após a largada, em que Maurício Gugelmin, de March, travou os freios, bateu na traseira da Williams de Thierry Boutsen, vindo a quase capotar.

Apenas como curiosidade, Dijon-Prenois também sediou dois GP’s da Suíça! Um extra campeonato em 1975, e o GP de 1982, que fez parte do calendário da Fórmula 1.

Após a última prova em Magny-Cours, em 2008, foi tentado acordo para que o GP Francês fosse realizado lá, mas sem sucesso. Apenas em dezembro de 2016 foi confirmado que o GP da França voltaria, desta vez em Paul Ricard.

1 e 2 - Traçados de Paul Ricard usados na F1;
3 e 4 - Traçados de Dijon-Prenois usados na categoria;
5, 6 e 7 - Traçados de Magny-Cours, usados na F1

O Circuit Paul Ricard foi construído em 1969 em Le Castellet, próximo de Marseille, e financiado pelo magnata francês Paul Louis Marius Ricard, criador do aperitivo Pastis. O circuito foi aberto em 1970, e era considerado um dos mais seguros à época.

O traçado original tinha a longa reta Mistral, com 1,8 km de extensão. Paul Ricard entrou no calendário da F1 em 1971.

O circuito é bastante usado em testes, inclusive na Fórmula 1. Em 1986, o italiano Elio de Angelis sofreu um acidente em testes, e o carro veio a pegar fogo. O impacto não matou de Angelis, porém os fiscais de pista demoraram a socorrê-lo e ele inalou muita fumaça. De Angelis foi socorrido por um helicóptero, mas faleceu 29 horas depois no hospital.

Após o falecimento de De Angelis, o circuito foi modificado, e a reta Mistral foi encurtada para 1 km. Também foram modificadas as curvas Verriere.

Paul Ricard sediou 14 GP’s da França na F1!

Atualmente o circuito possui 5.842 metros, tem 15 curvas (sendo 9 para a direita e 6 para a esquerda), é no sentido horário.

(continua...)

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