quarta-feira, 11 de maio de 2016

#8 - Grande Prêmio da Espanha (2ª parte)

* por Carlos Werzel Júnior

Chegamos à Fórmula 1!

O 1º Grande Prêmio da Espanha na F1 foi realizado em 1951, no circuito de Pedralbes, e foi a prova que encerrou o campeonato daquele ano. Pedralbes era um circuito de rua, montado na cidade de Barcelona, e tinha 6.316 metros. O recorde de volta nesse circuito foi em 1951 mesmo, onde Alberto Ascari fez a pole position com 2:10.59 minutos, média de 174,11 km/h.



Segue abaixo um vídeo da prova de 1951 em Pedralbes:



Estavam previstas provas em Pedralbes nos anos de 1952 e 1953, mas houve o cancelamento por falta de dinheiro. Em 1954 houve mais um GP em Pedralbes, novamente finalizando a temporada daquele ano.

Em 1955, com o desastre das 24 Horas de Le Mans (houve um terrível acidente em que 83 espectadores e o piloto Pierre Levegh faleceram, e mais 120 pessoas ficaram feridas), algumas provas na Fórmula 1 foram canceladas, incluindo Pedralbes, por segurança. Em Pedralbes o público podia ficar muito próximo da pista.

O GP da Espanha retorna em 1967, com uma prova extra campeonato no circuito de Jarama. Em 1968 Jarama entra no campeonato oficial da Fórmula 1, e foi a primeira prova após a morte do grande piloto escocês Jim Clark.

Jarama é um circuito permanente, possuía 3.404 metros (em 1981 foi encurtado para 3.312 metros) e fica ao norte de Madrid. O recorde de volta foi em 1979, com a pole position do francês Jacques Laffite, de Ligier, quando registrou 1:14.50 min., com média de 164,48 km/h.

Mapa completo de Jarama, com os 3 traçados que a pista já teve

 Em 1981, com uma leve redução do traçado de Jarama (foi diminuído para 3.312 metros, como já escrito acima), houve um dos finais mais sensacionais da história da Fórmula 1! Os 5 primeiros colocados ficaram separados por apenas 1,24 segundo! Venceu Gilles Villeneuve (Ferrari), seguido por Jacques Laffite (Ligier), John Watson (McLaren), Carlos Reutemann (Williams) e Elio de Angelis (Lotus). Aliás, este foi o último GP em Jarama, e a última vitória de Gilles Villeneuve, que infelizmente viria a falecer no ano seguinte.

Abaixo segue um vídeo desta disputa:



Jarama, então, apareceu no calendário da F1 em 1968, e foi acordado que haveria alternância entre este circuito apertado, lento e sinuoso com o circuito de Montjuïc, largo, e metade rápido, metade lento.

Em Jarama foram 9 provas oficiais na Fórmula 1, nos anos de 1968, 1970, 1972, 1974, de 1976 a 1979 e em 1981.

Montjuïc foi um circuito de rua, também localizado na cidade de Barcelona. Sua extensão era de 3.790 metros, e ele era anti-horário. A volta mais rápida foi do sueco Ronnie Peterson, com sua pole position no GP de 1973, de 1:21.8 min., com média de 166,79 km/h. É considerado um dos melhores circuitos da história da Fórmula 1.



Foram realizados 4 Grande Prêmios Espanhóis no circuito de Montjuïc, nos anos de 1969, 1971, 1973 e 1975.

O último GP lá foi em 1975, devido a um acidente com consequências fatais. Antes da corrida em si, pilotos que eram membros da GPDA (Associação de Pilotos) estavam furiosos, pois os guard-rails não estavam fixados apropriadamente. Eles ameaçaram não correr.

O pessoal da organização da prova trabalhou à noite para fixar os guard-rails. Porém, alguns pilotos ainda não estavam convencidos. Emerson Fittipaldi foi o único piloto que não correu, voltando para sua casa.

Vários pilotos bateram durante a prova, e o acidente mais grave foi do alemão Rolf Stommelen, quando, na 25ª volta, a asa traseira da sua Embassy Hill se soltou, na reta de chegada, e o carro do alemão ricocheteou e bateu do outro lado da pista, por fim vindo a voar sobre o público. Cinco espectadores faleceram, e Stommelen quebrou a perna, pulso e 2 costelas.

Veja o vídeo abaixo, no momento em que a asa do carro de Stommelen se solta (não há imagem do acidente em si):



A prova continuou por mais 4 voltas, e os organizadores decidiram encerrá-la. Foi a única vitória do alemão Jochen Mass em sua carreira. E esta prova teve um fato marcante, pois Lella Lombardi se tornou a única mulher a pontuar na Fórmula 1, chegando no 6º lugar, com sua March, a 2 voltas do líder, marcando 0,5 ponto (pois a prova terminou antes de se completar 75% das voltas, então cada piloto ganhou a metade dos pontos).

Após este episódio, o circuito de Montjuïc não foi mais utilizado, e como dito acima, o GP Espanhol foi realizado posteriormente no circuito de Jarama, de 1976 a 1979, e em 1981. Em 1980 havia a ‘guerra’ entre FISA (a antiga FIA) e a FOCA (Associação de Construtores da F1). As equipes não afiliadas à FOCA (Renault, Ferrari e Alfa Romeo) não participaram da prova, e na manhã de treinos na sexta, o então presidente da FISA, Jean-Marie Ballestre, anunciou que o GP da Espanha de 1980 não contaria pontos para o campeonato oficial. Acabou sendo considerada como prova extra-campeonato.

Após 1981 Jarama não foi mais utilizada na Fórmula 1, e apenas em 1986 retorna o GP da Espanha, desta vez no circuito de Jerez de la Frontera.

Jerez é um circuito permanente, tinha 4.218 metros de extensão e fica ao sul da Espanha, na cidade de Jerez de la Frontera. O recorde de volta foi em 1990, com a pole position de Ayrton Senna, com a McLaren, quando registrou 1:18.387 min., com média de 193,71 km/h.

Circuito de Jerez, com o traçado antigo (em cinza, após a curva 4)

Como Grande Prêmio da Espanha, tivemos 5 provas em Jerez na F1, de 1986 a 1990. Em 1994 e 1997 houve mais 2 provas em Jerez na F1, mas foram como GP da Europa.

Em 1986 aconteceu um dos finais mais incríveis da Fórmula 1. Ayrton Senna venceu a prova com sua Lotus, e em 2º ficou Nigel Mansell, de Williams, a 0,014 segundo (14 milésimos de segundo)!

Abaixo vemos em vídeo essa disputa incrível!



Em 1990, nos treinos para o GP, houve o grave acidente do norte-irlandês Martin Donnely, da equipe Lotus, em que ele e o banco do carro foram ejetados. Donnely sofreu várias fraturas, contusões no cérebro e no pulmão, mas incrivelmente sobreviveu. Por outro lado, encerrou sua carreira na Fórmula 1.

Este acidente mais a remota localização do circuito (no sul da Espanha), contribuíram para mais uma mudança de circuito, para o GP Espanhol.

(Antes de continuarmos, uma observação. Tivemos outros 2 GP’s em Jerez, mas como GP da Europa, como acima descrito, e o circuito foi estendido um pouco. Foi incluída uma chicane, a chamada Chicane Senna, na curva onde houve o acidente quase fatal de Martin Donnely, além de outro trecho que foi alongado por segurança. E assim a pista passou a ter 4.429 metros).

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