terça-feira, 26 de julho de 2016

#15 - Grande Prêmio da Alemanha (parte 1)

* por Carlos Werzel Júnior

É uma prova automobilística anual realizada em quase todos os anos desde 1926. Ela tem uma história estável dentre os Grand Prix mais velhos, tendo sido realizada em 3 circuitos apenas: Nürburgring, Hockenheimring e AVUS.

O primeiro Grand Prix oficial na Alemanha foi realizado em 1926, no circuito de AVUS, e os subsequentes, ainda antes da 2ª Guerra Mundial, foram realizados em Nürburgring. De 1927 a 1929 no circuito Nürburgring Gesamtstrecke (circuito combinado de mais de 28 quilômetros), e depois em Nürburgring Nordschleife (um pouco mais curto, com quase 23 quilômetros).

O grande piloto neste período pré 2ª Guerra Mundial foi o alemão Rudolf Caracciola, que detém o recorde de vitórias no Grand Prix Alemão, com 6 triunfos, todos de Mercedes. Aliás, Caracciola foi um dos grandes pilotos pré 2ª Guerra Mundial na história do automobilismo!

Após a 2ª Guerra Mundial o GP Alemão só foi incluído na Fórmula 1 em 1951, no circuito Nürburgring Nordschleife, que ficou no calendário até 1958. Apenas em 1955 não houve GP da Alemanha devido ao desastre das 24 Horas de Le Mans daquele ano.

Em 1959 o GP da Alemanha foi transferido para o veloz circuito de AVUS (Automobil-Verkehrs- und Übungsstraße). AVUS tinha 8.300 metros, sendo 2 longas retas de 4 km cada, um hairpin numa ponta, e na outra um “banking”, uma curva com inclinação de 43º (para comparação, o circuito de Daytona tem curvas de 31º), que era conhecida como “O Muro da Morte”. O piloto francês Jean Behra faleceu em uma prova de Fórmula 2, antes da prova da F1, ao perder o controle do seu carro na curva inclinada, voou para fora da pista e bateu a cabeça em um poste.


A corrida em AVUS foi atípica, pois os pilotos disputaram 2 baterias, num total de 60 voltas. Foi a única prova disputada em AVUS, pois era um circuito muito perigoso. Em 1960 volta para Nürburgring, no circuito Sudschleife, mais curto, mas houve apenas uma prova de Fórmula 2, devido à reclamações de alguns pilotos sobre o perigo e velocidade de AVUS.

Em 1961 o GP Alemão volta à F1 no circuito Nürburgring Nordschleife. As provas de Fórmula são disputadas lá até 1969. Em 1967 foi adicionada uma chicane logo antes da reta dos boxes, por segurança.

As velocidades na Fórmula 1 haviam aumentado bastante, e após o falecimento do piloto inglês Piers Courage no GP da Holanda de 1970, a GPDA (Grand Prix Drivers’ Association) reuniu-se em um hotel, pois, por falta de segurança, os pilotos não queriam mais correr em Nürburgring Nordschleife.

As mudanças que os pilotos pediram foram recusadas pelos donos do circuito Nürburgring Nordschleife, e o GP Alemão de 1970 foi realizado em Hockenheimring.

Em 1971 o GP da Alemanha volta a Nürburgring Nordschleife, com o mesmo traçado, mas com mais segurança. Neste ano Jackie Stewart chamou o circuito de “Green Hell” (inferno verde).

Em 1975 Niki Lauda se torna o único o piloto a completar uma volta no circuito de 22,8 km abaixo dos 7 minutos! Em 1976 acontece o último GP em Nürburgring Nordschleife, pois houve o grave acidente de Niki Lauda, que quase o matou.

Assim acabariam as provas da Fórmula 1 no grande circuito Nürburgring Nordschleife, que era bastante desafiador, perigoso, tinha cerca de 170 curvas (!!), tinha saltos (os carros literalmente voavam) ao menos em 2 trechos, e que vitimou alguns pilotos (para não escrever vários).

O traçado usado até 1966
O traçado usado de 1967 até 1976, única diferença é a chicane logo antes da reta dos boxes
A F1 vai para Hockenheim, onde são disputadas provas de 1977 a 1984. Em 1985 o GP Alemão acontece em Nürburgring, mas num circuito remodelado, bem mais curto, com 4.556 metros.

O traçado de 1985

Com a política da FISA (pré FIA) de firmar longos contratos de uma pista por Grande Prêmio, em 1986 o GP Alemão volta a ser realizado em Hockenheim, até o ano de 2006.

Não houve GP da Alemanha em 2007 (houve o GP da Europa em Nürburgring). De 2008 em diante Hockenheim e Nürburgring revezam no GP Alemão. A exceção foi em 2015, em que o GP foi cancelado.

Traçado usado até 2001, mudaram os nomes de algumas curvas em relação ao traçado de 1985
Traçado usado de 2002 até hoje

Alguns momentos marcantes (dentre os vários) no GP Alemão (na história):

1957: neste GP houve, talvez, a maior vitória do pentacampeão Juan Manuel Fangio. Ele decidiu largar com pneus mais moles e meio tanque de combustível, para ir mais rápido que os outros, especialmente as Ferraris de Mike Hawthorn e Peter Collins.
A prova tinha 22 voltas (foi em Nürburgring), e na volta 13 Fangio parou para um pit stop, tendo uma vantagem de 30 segundos para Hawthorn.
O pit foi um desastre, e Fangio saiu dos boxes a cerca de 48 segundos atrás do 2º colocado, Peter Collins.
Nas últimas 10 voltas que restavam, Fangio quebrou o recorde de volta por 9 vezes, sendo 7 seguidas (só para termos uma ideia, na 1ª volta após o pit, Fangio diminuiu a vantagem para o líder em 15 segundos!!).
Na penúltima volta Fangio não só encostou nos 2 líderes, como os ultrapassou, e conseguiu uma magnífica vitória!
Fangio, após a prova, disse “Eu nunca dirigi tão rápido em minha vida, e eu não acho que serei capaz de fazer isso novamente”.


1976: no último GP realizado no circuito de Nürburgring Nordschleife, na 2ª volta houve o grave acidente de Niki Lauda. Seu carro pegou fogo, e ainda foi atingido por Harald Ertl e Brett Lunger. Estes 2 pilotos, mais Guy Edwards e Arturo Merzario, desceram de seus carros para ajudar Lauda a sair do seu carro em chamas.
Lauda sofreu graves queimaduras e foi levado ao hospital, onde lutou por sua vida.
Incrivelmente, 6 semanas depois Lauda volta a disputar o campeonato da F1 em 1976, porém perde o título para James Hunt. Mas sua recuperação foi algo impressionante!



1982: já em Hockenheim, neste ano houve o famoso incidente entre Nelson Piquet e o chileno Eliseo Salazar.
Na 18ª volta, Piquet liderava a prova, e iria dar uma volta no retardatário Salazar, de ATS. Mas ao chegarem na então nova chicane Ostkurve, Salazar não deu espaço para Piquet, e os 2 bateram.
O resultado vemos no vídeo!



2000: Rubens Barrichello consegue sua 1ª vitória na Fórmula 1! E que vitória.
Rubens largou em 18º, e já ao final da 1ª volta estava em 10º. Chegou a estar em 3º quando fez seu pit stop.
Houve 2 safety cars, um pois um homem (ex funcionário da Mercedes Benz) protestou contra sua demissão, e o outro por um acidente entre Jean Alesi e Pedro Paulo Diniz.
Na volta 33 começa a chuva, e vários pilotos pararam nos boxes para colocarem pneus para chuva. Barrichello decidiu permanecer com os pneus para pista seca, até porque a maioria do traçado ainda estava seco, só o trecho do chamado “estádio” e a reta dos boxes estavam molhados.

E a aposta deu certo!


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