terça-feira, 24 de maio de 2016

#9 - Grande Prêmio de Mônaco (2ª e última parte)

* por Carlos Werzel Júnior

(continuando...)

Em 1984 houve uma prova inesquecível, a primeira em que vimos o talento de Ayrton Senna na chuva! Senna, com sua Toleman, largou em 13º e foi ultrapassando todos, até que faltava apenas o líder Alain Prost. Chovia bastante e na volta 29 Prost acenava ao diretor da prova para parar a prova.

A bandeira vermelha foi mostrada no final da volta 31, e Senna cruzou em 2º, quase ultrapassando Prost, pois estava muito mais rápido. Porém, se continuasse a prova, outro piloto de grande talento poderia ultrapassar os dois, era o alemão Stefan Bellof, da Tyrrell. Infelizmente, no ano seguinte, Bellof viria a falecer após se acidentar em prova de carros turismo.

Abaixo segue um vídeo com as últimas voltas desta prova, com imagens da TV Fuji japonesa, e áudio da Rede Globo



Em 1996 ocorreu outra corrida doida, em que apenas 3 pilotos cruzaram a linha de chegada, sem problema algum em seus carros, seja acidente ou outro. A vitória foi do francês Olivier Panis, com sua Ligier, e acabou sendo a única vitória na carreira dele, e a última da equipe Ligier.

Segue um vídeo com alguns dos momentos deste GP maluco


(video acima bloqueado pela FOM...)

Por curiosidade, apenas 3 pilotos monegascos venceram um GP de Mônaco. Louis Chiron, em 1931; e mais recentemente, mas na GP2, vitórias de Stefano Coletti em 2013, e Stéphane Richelmi em 2014.

Em julho de 2010 Bernie Ecclestone anunciou que foi firmado um acordo de 10 anos com os organizadores da prova, mantendo o GP de Mônaco, ao menos, até 2020.

A montagem do circuito leva 6 semanas, e a desmontagem leva outras 3 semanas. O circuito tem muitas mudanças de elevação, curvas lentas e fechadas e é estreito. Talvez seja o circuito mais exigente para os pilotos.

O ex-piloto brasileiro Nelson Piquet já disse que correr em Mônaco é “como andar de bicicleta em sua sala de estar”.

O circuito de Mônaco possui a curva mais lenta do calendário da Fórmula 1, o Grand Hotel Hairpin (antiga Loews, antiga curva Gare [de acordo com Galvão Bueno, aliás esperem para ouvir isto dele na transmissão hehehe], também já foi chamada de Station Hairpin), onde os carros a contornam com cerca de 48 km/h.

Também há um túnel, que passa ao lado do porto e embaixo do Hotel Fairmont, e é um dos pontos de mais alta velocidade do circuito. Igualmente é difícil para os pilotos, por terem que lidar com a escuridão de dentro do túnel e a luz natural na entrada e saída, isto em alta velocidade.

Com o passar dos anos houve algumas alterações no traçado. A pista original tinha a curva do Gasômetro (onde hoje é a La Rascasse).



Em 1973 foi construída uma piscina, onde é o Rainier III Nautical Stadium, e foram feitos os famosos “Esses da Piscina”. No mesmo ano a curva do Gasômetro mudou seu nome para La Rascasse, nome do restaurante que foi construído no local.



Com o decorrer dos anos seguintes, pequenas modificações foram feitas no circuito, e hoje ele possui 3.337 metros. O GP de Mônaco é o único que não precisa obedecer à distância mínima de 305 quilômetros, ele tem pouco mais de 260 km.



Possui 19 curvas, sendo 12 para a direita e 7 para a esquerda. É um circuito de rua, no sentido horário e de baixa velocidade.

Até hoje foram disputados 73 GP’s de Mônaco, sendo 62 na Fórmula 1. Os maiores vencedores são:
- 1º Ayrton Senna: 6 vitórias (1987 [de Lotus], 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993 [as 5 de McLaren];
- 2º Graham Hill: 5 vitórias (1963, 1964, 1965 [as 3 de BRM], 1968 e 1969 [ambas de Lotus];
- também em 2º Michael Schumacher: 5 vitórias (1994, 1995 [as 2 de Benetton], 1997, 1999, 2001 [as 3 de Ferrari]).

Como curiosidade, de 1984 a 1993 apenas Alain Prost e Ayrton Senna venceram o GP Monegasco.

Dos atuais pilotos Nico Rosberg tem 3 vitórias consecutivas (2013, 2014 e 2015, todas de Mercedes). E o espanhol Fernando Alonso tem 2 vitórias em Mônaco, em 2006 e 2007, de Renault e McLaren respectivamente. Aliás, Alonso é o único piloto a vencer provas em Mônaco em anos consecutivos e por equipes diferentes, enquanto Rosberg é um dos 4 pilotos a terem 3 vitórias consecutivas em Mônaco (os outros são Graham Hill, Alain Prost e Ayrton Senna).

A equipe mais vitoriosa é a McLaren com 15 conquistas (1984, 1985, 1986, 1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1998, 2000, 2002, 2005, 2007 e 2008). A Ferrari está em 2º, com 9 vitórias (1952, 1955, 1975, 1976, 1979, 1981, 1997, 1999 e 2001).

O piloto com mais pole positions em Mônaco é Ayrton Senna, com 5 poles, nos anos de 1985 (com a Lotus), 1988, 1989, 1990 e 1991 (estas 4 de McLaren).

Com 4 poles são 4 pilotos:
- Juan Manuel Fangio (1950 [Alfa Romeo], 1955 [Mercedes], 1956 [Ferrari] e 1957 [Maserati]);
- Jim Clark (1962, 1963, 1964 e 1966 [todas de Lotus]);
- Jackie Stewart (1969 [Matra], 1970 [March], 1971 e 1973 [ambas de Tyrrell]);
- Alain Prost (1983 [Renault], 1984, 1986 [as 2 de McLaren] e 1993 [Williams]).

Dos atuais pilotos, com 2 poles estão Fernando Alonso (2006 [Renault] e 2007 [McLaren]) e Nico Rosberg (2013 e 2014, ambas de Mercedes).
Outros 5 pilotos tem uma pole cada: Kimi Raikkonen (2005, de McLaren), Felipe Massa (2008, de Ferrari), Jenson Button (2009, de Brawn), Sebastian Vettel (2011, de Red Bull) e Lewis Hamilton (2015, de Mercedes).

A volta mais rápida no atual traçado foi de Lewis Hamilton, com a Mercedes, em 2015, que foi a pole position da prova desse ano. Ele registrou 1’15.098 min, com média de 159,967 km/h.

A 6ª prova da temporada 2016 da F1 será a 63ª em Mônaco (74ª em sua história), terá 78 voltas, e será disputada no dia 29 de maio.

Caso Nico Rosberg vença, ele se igualará a Alain Prost com 4 vitórias, e será o 2º piloto a obter 4 triunfos consecutivos em Mônaco, ao lado de Ayrton Senna.

Lembrando que neste GP de Mônaco de 2016 teremos a estreia dos pneus ultra macios!

#9 - Grande Prêmio de Mônaco (1ª parte)

* por Carlos Werzel Júnior

No próximo final de semana será realizado o GP de Mônaco, outra das provas mais antigas do automobilismo.

O GP de Mônaco sempre é realizado no Circuito de Mônaco, que é montado nas ruas de Monte Carlo e La Condamine, no Principado de Mônaco.

É considerada uma das provas da chamada “Tríplice Coroa dos Esportes a Motor”, junto com as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans. Apenas um piloto conquistou esta Tríplice Coroa, foi o inglês Graham Hill, com suas 5 vitórias em Mônaco, a conquista em Indianápolis no ano de 1966, e o triunfo em Le Mans em 1972.

A ideia de um Grande Prêmio nas ruas de Mônaco veio de Anthony Noghès, presidente do Automobile Club de Monaco, com suporte oficial do príncipe Louis II. A primeira prova foi realizada em 1929, sendo vencida pelo francês William Grover-Williams, que correu em um Bugatti. Ele percorreu as 100 voltas em 3 horas, 56 minutos e 11 segundos.

Houve provas de 1929 a 1937. Em 1933 houve o 1º GP de Mônaco em que as posições do grid foram decididas como é até hoje. Em 1938, com a demanda de 500 libras por participante levou a AIACR (Association Internationale des Automobiles Clubs Reconnus), que era o então órgão internacional regulador do esporte a motor, a cancelar o evento. Houve também a 2ª Guerra Mundial, e o GP de Mônaco voltou em 1948, já sob a chancela da FIA (Federação Internacional do Automobilismo).

Em 1949 o GP Monegasco foi cancelado devido ao falecimento do príncipe Louis II. Após, entra no calendário da recém criada Fórmula 1, em 1950. O 1º GP de Mônaco na F1 foi vencida pelo penta campeão Juan Manuel Fangio. Ele percorreu as 100 voltas (a prova tinha 318 km) em 3 horas, 13 minutos, 18 segundos e 7 décimos.

Não houve GP em 1951. Em 1952, a FIA decidiu que o campeonato da F1 deveria ser disputado sob as regras da Fórmula 2, e Mônaco ficou de fora do campeonato novamente.

O GP Monegasco retorna apenas em 1955, e desde este ano até hoje a Fórmula 1 passa por lá. Houve vários momentos memoráveis nos GPs de Mônaco, citarei alguns deles.

Em 1955, o bicampeão Alberto Ascari sofreu um acidente na saída do túnel e caiu no mar. Este foi o último GP dele na F1, já que pouco tempo depois viria a falecer. Neste GP de Mônaco de 1955 há um recorde não batido até hoje. O piloto monegasco Louis Chiron é o piloto mais velho a iniciar uma prova da F1, com 55 anos e 292 dias de idade!

Segue um vídeo com esse acidente de Ascari



O piloto inglês Graham Hill foi o 1º “Rei de Mônaco” (ou “Mr. Mônaco”), tendo vencido 5 provas lá, em 1963, 1964, 1965 (as 3 de BRM), 1968 e 1969 (ambas de Lotus). Só foi ultrapassado anos mais tarde, pelo inesquecível brasileiro Ayrton Senna, com suas 6 vitórias (1987 [de Lotus], 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993 [todas de McLaren]).

Aliás, a vitória de Senna em 1992, particularmente, acho bem marcante! Isto pois o inglês Nigel Mansell liderava tranquilamente, mas na volta 71 teve de fazer um pit stop para troca de pneus, pois havia uma suspeita de um furo no pneu esquerdo traseiro. Mansell, com um carro mais rápido do que Senna, veio a toda para cima do brasileiro, mas apesar das inúmeras tentativas, não conseguiu ultrapassar Senna, que venceu o GP Monegasco de 1992.

Vejam o vídeo abaixo com um resumo desta grande prova!


(video acima bloqueado pela FOM...)

São tantos GP’s, mas escreverei sobre mais 4. O primeiro é o de 1980, em que houve uma largada marcante, em que o irlandês Derek Daly, em sua Tyrrell, bateu na Alfa Romeo de Bruno Giacomelli, e voou sobre este vindo a atingir seu companheiro de Tyrrell, Jean-Pierre Jarier, além da McLaren de Alain Prost.

O vídeo a seguir traz esta largada confusa, narrado em inglês por Murray Walker



Por curiosidade, esse acidente foi reproduzido em um vídeo clip da banda de heavy metal Black Sabbath, da música Trashed! Aparece brevemente por 1’27 no vídeo abaixo, que coloco como curiosidade



Em 1982 aconteceu uma das provas mais malucas da história da F1, em que parece que ninguém queria vencer o GP. Incrível, mas é verdade.

A prova ocorreu em 76 voltas. A chuva cai no final da prova, e na volta 74 o líder Alain Prost bateu sua Renault após a chicane do Porto. Na volta 75 o novo líder Patrese rodou na curva Loews e ficou parado. Na última volta o então líder Didier Pironi ficou sem combustível já dentro do túnel.

Antes de passar à liderança da prova, Andrea de Cesaris também fica sem combustível. O provável próximo líder, Derek Daly, que já estava com o carro todo batido, sem asas traseira e dianteira, veio a ter problema de câmbio, e teve que abandonar também. Aconteceu que Riccardo Patrese conseguiu religar o carro, vindo a vencer o GP de Mônaco em 1982! Foi a primeira vitória dele na categoria.

A seguir seguem 2 vídeos com as voltas finais desta corrida maluca, pela Rede Globo (o 2º vídeo é parte com áudio da Globo, parte em alemão e parte em japonês, uma mistureba hehe). Peço desculpas pela imagem ser ruim, mas a FOM (Formula One Management) retirou vários vídeos do youtube por direitos autorais




(continua...)

quarta-feira, 11 de maio de 2016

#8 - Grande Prêmio da Espanha (última parte)

* por Carlos Werzel Júnior

Assim chegamos ao atual circuito do GP da Espanha, o Circuito de Barcelona-Catalunya. Ele se situa em Montmeló, que é uma municipalidade da área metropolitana da cidade de Barcelona, capital da comunidade autônoma da Catalunha.

O Circuito de Barcelona está em um autódromo, e é bastante conhecido por pilotos e equipes, pois muitos testes são feitos por lá.

Até 2013 o nome era apenas Circuito da Catalunya, e após acordo de patrocínio com o Conselho da Cidade de Barcelona, chama-se Circuito de Barcelona-Catalunya.

A pedra de fundação do circuito foi colocada em 24 de fevereiro de 1989, graças aos esforços feitos pelo Consórcio formado pelo Governo Catalão, Real Automóvil Club de Catalunya (RACC) e o Conselho da Cidade de Montmeló.

Anos antes, em 3 de outubro de 1986, o Parlamento Catalão havia aprovado uma proposta (não uma lei) apressando o Conselho Executivo a “coordenar os respectivos corpos com o objetivo de fazer um estudo e juntar esforços para criar um novo autódromo permanente”.

Cinco dias após a inauguração oficial, em 10 de setembro de 1991, o Circuito de Barcelona sediou a primeira prova oficial, do Campeonato Espanhol de Carros de Turismo, com a vitória do ex-piloto de Fórmula 1 espanhol Luís Pérez-Sala. Em 29 de setembro de 1991 aconteceu o 33º Grande Prêmio da Espanha de F1, após 17 anos de ausência na Catalunha.

Algo interessante é que a construção do circuito coincidiu com a preparação dos Jogos Olímpicos de 1992. E o circuito foi utilizado como linha de partida e chegada da prova de ciclismo de estrada por equipes.

Nos primeiros anos as ultrapassagens eram frequentes, pois os carros podiam seguir próximos nas duas últimas curvas. Quando o balanço aerodinâmico se tornou mais crítico, as ultrapassagens foram diminuindo, devido à turbulência causada pelo carro da frente.

O Circuito de Barcelona teve, ao menos, 5 modificações na sua extensão e traçado, atualmente possui 4.655 metros.

O 1º traçado tinha 4.747 metros, foi utilizado de 1991 a 1994 (em 1994 foi utilizada uma chicane temporária no “S” Nissan, por segurança, devido aos acidentes fatais no GP de San Marino daquele ano). Na minha opinião, a mudança significativa no traçado veio em 2007, em que foi retirada uma das curvas finais, sendo colocada uma chicane no lugar (a chicane RACC). Isto foi feito na tentativa de se aumentarem as ultrapassagens, mas nada mudou. Este traçado de 2007 é o atual.

Circuito atual de Barcelona-Catalunya, com os trechos de traçados antigos (em cinza), não mais utilizados (após as curvas 9 [Campsa], 10 (La Caixa), e 13 [Europcar])

Houve momentos memoráveis no GP Espanhol em Barcelona-Catalunya, e um deles aconteceu já no 1º Grande Prêmio realizado, a clássica batalha entre Ayrton Senna e Nigel Mansell na retona dos boxes, em que eles ficaram lado a lado em boa parte da reta, e quase tocando roda! O inglês se deu melhor. Abaixo segue o vídeo:



Até hoje tivemos 25 provas neste circuito de Barcelona. O piloto com maior número de vitórias é Michael Schumacher, com 6 vitórias (em 1995 de Benetton, e nos anos de 1996, 2001, 2002, 2003 e 2004, de Ferrari). Dos atuais pilotos, os maiores vencedores são Kimi Räikkönen (2005 [McLaren] e 2008 [Ferrari]) e Fernando Alonso (2006 [Renault] e 2013 [Ferrari]), com 2 vitórias cada.

A equipe mais vitoriosa em Barcelona é a Ferrari, com 8 vitórias (1996, 2001, 2002, 2003, 2004, 2007, 2008 e 2013).

O GP da Espanha de Fórmula 1 foi realizado, na história, 45 vezes. Também tivemos 2 GP’s Espanhóis como provas extra-campeonato (1967 e 1980), e outros 10 GP’s da Espanha antes de existir a F1. Ou seja, até hoje houve 57 GP’s da Espanha!

O piloto com maior número de vitórias em toda a história do GP da Espanha continua sendo Michael Schumacher, com suas 6 vitórias.

Em 2º lugar temos 5 pilotos, todos com 3 vitórias: Louis Chiron (1928, 1929, 1933); Jackie Stewart (1969, 1970, 1971); Nigel Mansell (1987, 1991, 1992); Alain Prost (1988, 1990, 1993); e Mika Häkkinen (1998, 1999, 2000).

E com 2 vitórias são mais 5 pilotos: Emerson Fittipaldi (1972, 1973); Mario Andretti (1977, 1978); Ayrton Senna (1986, 1989); Kimi Räikkönen (2005, 2008); e Fernando Alonso (2006, 2013).

Já entre as equipes, a maior vencedora é a Ferrari, com 12 triunfos: 1954, 1974, 1981, 1990, 1996, 2001, 2002, 2003, 2004, 2007, 2008 e 2013.

O Circuito de Barcelona-Catalunya tem 4.655 metros, e possui 16 curvas, sendo 9 para a direita e 7 para a esquerda.

A reta dos boxes tem pouco mais de 1 quilômetro, 1.047 metros sendo mais exato. O traçado é uma combinação de várias curvas rápidas e algumas lentas, e há 2 retas praticamente. Pode-se dizer que o único ponto de ultrapassagem é, realmente, a reta dos boxes.

Uma característica do circuito é que a direção do vento pode mudar drasticamente no mesmo dia, o que é um fator bastante importante para a aerodinâmica do carro.

O recorde de volta no traçado atual foi em 2010, com a pole position de Mark Webber, com a Red Bull, quando registrou 1:19.995 min., com média de 209,488 km/h. É, pois, um circuito de média velocidade.

A 5ª prova da temporada 2016 da F1 será a 26ª em Barcelona-Catalunya, terá 66 voltas, e será realizada no dia 15 de maio. E também será o GP nº 940 na história da Fórmula 1!

#8 - Grande Prêmio da Espanha (2ª parte)

* por Carlos Werzel Júnior

Chegamos à Fórmula 1!

O 1º Grande Prêmio da Espanha na F1 foi realizado em 1951, no circuito de Pedralbes, e foi a prova que encerrou o campeonato daquele ano. Pedralbes era um circuito de rua, montado na cidade de Barcelona, e tinha 6.316 metros. O recorde de volta nesse circuito foi em 1951 mesmo, onde Alberto Ascari fez a pole position com 2:10.59 minutos, média de 174,11 km/h.



Segue abaixo um vídeo da prova de 1951 em Pedralbes:



Estavam previstas provas em Pedralbes nos anos de 1952 e 1953, mas houve o cancelamento por falta de dinheiro. Em 1954 houve mais um GP em Pedralbes, novamente finalizando a temporada daquele ano.

Em 1955, com o desastre das 24 Horas de Le Mans (houve um terrível acidente em que 83 espectadores e o piloto Pierre Levegh faleceram, e mais 120 pessoas ficaram feridas), algumas provas na Fórmula 1 foram canceladas, incluindo Pedralbes, por segurança. Em Pedralbes o público podia ficar muito próximo da pista.

O GP da Espanha retorna em 1967, com uma prova extra campeonato no circuito de Jarama. Em 1968 Jarama entra no campeonato oficial da Fórmula 1, e foi a primeira prova após a morte do grande piloto escocês Jim Clark.

Jarama é um circuito permanente, possuía 3.404 metros (em 1981 foi encurtado para 3.312 metros) e fica ao norte de Madrid. O recorde de volta foi em 1979, com a pole position do francês Jacques Laffite, de Ligier, quando registrou 1:14.50 min., com média de 164,48 km/h.

Mapa completo de Jarama, com os 3 traçados que a pista já teve

 Em 1981, com uma leve redução do traçado de Jarama (foi diminuído para 3.312 metros, como já escrito acima), houve um dos finais mais sensacionais da história da Fórmula 1! Os 5 primeiros colocados ficaram separados por apenas 1,24 segundo! Venceu Gilles Villeneuve (Ferrari), seguido por Jacques Laffite (Ligier), John Watson (McLaren), Carlos Reutemann (Williams) e Elio de Angelis (Lotus). Aliás, este foi o último GP em Jarama, e a última vitória de Gilles Villeneuve, que infelizmente viria a falecer no ano seguinte.

Abaixo segue um vídeo desta disputa:



Jarama, então, apareceu no calendário da F1 em 1968, e foi acordado que haveria alternância entre este circuito apertado, lento e sinuoso com o circuito de Montjuïc, largo, e metade rápido, metade lento.

Em Jarama foram 9 provas oficiais na Fórmula 1, nos anos de 1968, 1970, 1972, 1974, de 1976 a 1979 e em 1981.

Montjuïc foi um circuito de rua, também localizado na cidade de Barcelona. Sua extensão era de 3.790 metros, e ele era anti-horário. A volta mais rápida foi do sueco Ronnie Peterson, com sua pole position no GP de 1973, de 1:21.8 min., com média de 166,79 km/h. É considerado um dos melhores circuitos da história da Fórmula 1.



Foram realizados 4 Grande Prêmios Espanhóis no circuito de Montjuïc, nos anos de 1969, 1971, 1973 e 1975.

O último GP lá foi em 1975, devido a um acidente com consequências fatais. Antes da corrida em si, pilotos que eram membros da GPDA (Associação de Pilotos) estavam furiosos, pois os guard-rails não estavam fixados apropriadamente. Eles ameaçaram não correr.

O pessoal da organização da prova trabalhou à noite para fixar os guard-rails. Porém, alguns pilotos ainda não estavam convencidos. Emerson Fittipaldi foi o único piloto que não correu, voltando para sua casa.

Vários pilotos bateram durante a prova, e o acidente mais grave foi do alemão Rolf Stommelen, quando, na 25ª volta, a asa traseira da sua Embassy Hill se soltou, na reta de chegada, e o carro do alemão ricocheteou e bateu do outro lado da pista, por fim vindo a voar sobre o público. Cinco espectadores faleceram, e Stommelen quebrou a perna, pulso e 2 costelas.

Veja o vídeo abaixo, no momento em que a asa do carro de Stommelen se solta (não há imagem do acidente em si):



A prova continuou por mais 4 voltas, e os organizadores decidiram encerrá-la. Foi a única vitória do alemão Jochen Mass em sua carreira. E esta prova teve um fato marcante, pois Lella Lombardi se tornou a única mulher a pontuar na Fórmula 1, chegando no 6º lugar, com sua March, a 2 voltas do líder, marcando 0,5 ponto (pois a prova terminou antes de se completar 75% das voltas, então cada piloto ganhou a metade dos pontos).

Após este episódio, o circuito de Montjuïc não foi mais utilizado, e como dito acima, o GP Espanhol foi realizado posteriormente no circuito de Jarama, de 1976 a 1979, e em 1981. Em 1980 havia a ‘guerra’ entre FISA (a antiga FIA) e a FOCA (Associação de Construtores da F1). As equipes não afiliadas à FOCA (Renault, Ferrari e Alfa Romeo) não participaram da prova, e na manhã de treinos na sexta, o então presidente da FISA, Jean-Marie Ballestre, anunciou que o GP da Espanha de 1980 não contaria pontos para o campeonato oficial. Acabou sendo considerada como prova extra-campeonato.

Após 1981 Jarama não foi mais utilizada na Fórmula 1, e apenas em 1986 retorna o GP da Espanha, desta vez no circuito de Jerez de la Frontera.

Jerez é um circuito permanente, tinha 4.218 metros de extensão e fica ao sul da Espanha, na cidade de Jerez de la Frontera. O recorde de volta foi em 1990, com a pole position de Ayrton Senna, com a McLaren, quando registrou 1:18.387 min., com média de 193,71 km/h.

Circuito de Jerez, com o traçado antigo (em cinza, após a curva 4)

Como Grande Prêmio da Espanha, tivemos 5 provas em Jerez na F1, de 1986 a 1990. Em 1994 e 1997 houve mais 2 provas em Jerez na F1, mas foram como GP da Europa.

Em 1986 aconteceu um dos finais mais incríveis da Fórmula 1. Ayrton Senna venceu a prova com sua Lotus, e em 2º ficou Nigel Mansell, de Williams, a 0,014 segundo (14 milésimos de segundo)!

Abaixo vemos em vídeo essa disputa incrível!



Em 1990, nos treinos para o GP, houve o grave acidente do norte-irlandês Martin Donnely, da equipe Lotus, em que ele e o banco do carro foram ejetados. Donnely sofreu várias fraturas, contusões no cérebro e no pulmão, mas incrivelmente sobreviveu. Por outro lado, encerrou sua carreira na Fórmula 1.

Este acidente mais a remota localização do circuito (no sul da Espanha), contribuíram para mais uma mudança de circuito, para o GP Espanhol.

(Antes de continuarmos, uma observação. Tivemos outros 2 GP’s em Jerez, mas como GP da Europa, como acima descrito, e o circuito foi estendido um pouco. Foi incluída uma chicane, a chamada Chicane Senna, na curva onde houve o acidente quase fatal de Martin Donnely, além de outro trecho que foi alongado por segurança. E assim a pista passou a ter 4.429 metros).

#8 - Grande Prêmio da Espanha (1ª parte)

* por Carlos Werzel Júnior

É uma das provas mais antigas do automobilismo. O 1º GP lá foi em 1913, e já foi realizado em vários circuitos.

O primeiro Grande Prêmio, de 1913, foi disputado por carros esportes, e realizado no circuito de Guadarrama, na verdade uma estrada, com 309 quilômetros no total.



Após a Primeira Guerra Mundial, apenas em 1923 o GP Espanhol foi realizado, desta vez no Autódromo de Sitges-Terramar, um circuito oval de 2 km de extensão. Após esta prova, o autódromo ficou mais de 80 anos em desuso, mas permanece intacto, devido à excelente condição em que se encontra, exceto a pista.




Abaixo coloco um vídeo de 2012, em que os pilotos Carlos Sainz (pai do piloto de F1 Carlos Sainz Jr.) e Miguel Molina (piloto da Audi na DTM), deram voltas no circuito oval, com um Audi da equipe Red Bull:



Depois, em 1926, o GP da Espanha foi disputado no Circuito Lasarte, que tinha mais de 17 quilômetros de extensão. Aí foram disputadas provas de 1926 a 1930, e de 1933 a 1935. Então a Espanha entra em guerra civil e encerram-se as provas automobilísticas.


Antes de chegarmos à Fórmula 1, vejamos um mapa da Espanha com todas as pistas utilizadas na história do Grande Prêmio Espanhol: